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sábado, 29 de agosto de 2009

O toré dos xukuru


Macriocon = toré
Prayá = Ritual
Enkante = Ritu

O Toré praticado pelos Xukuru do Ororubá, se distingue dos demais povos pelo seu formato mais “moderno”, se é que podemos dizer que uma expressão cultural voltada para as tradições possa ser moderna. Os Xukuru ainda utilizam instrumentos de percussão tradicionais como as maracás, que foram introduzidas pelo Cacique “Xicão”. Usam também o jupago que é de uso exclusivo dos homens. Trata-se de um pedaço do tronco de uma árvore com cerca de um metro, geralmente preservada uma pequena parte da raiz e é usado no acompanhamento do compasso das pisadas fortes de um dos pés, durante a dança do Toré. O “Mestre da Gaita” inicia o chamado para a dança, por meio do som do seu instrumento, conhecido também como “mimbim”, uma flauta confeccionada com o cano de plástico. Essa flauta é considerada sagrada, os Xukuru acreditam que ela é o veículo de comunicação entre os “encantados” e os participantes do Toré. Então o puxador do Toré, “o bacurau” começa cantando as canções que acompanham o ritmo, às vezes repetidas insistentemente. Forma-se uma fila indiana onde na frente estão aproximadamente seis homens, esses geralmente são elementos de destaque, o Pajé, o Mestre da Gaita, o Bacurau, o Cacique e outras lideranças, logo em seguida as mulheres e crianças os seguem na dança e formam um circulo. Hoje, são poucos os participante que usam os trajes tradicionais de palha de milho. Usam-se mais saiotes feitos de caroá ou palha do coqueiro, colares de sementes, ou fibra do caroá, alguns usam cocares de pena de pássaros e pinturas na pele. Algumas mulheres dão um toque mais moderno, enfeitando seus trajes e adereços com flores artificiais. O Toré Xukuru apresenta elementos materiais e simbólicos que confirma a mistificação constante dos seus significados do para essa população:
“Nós, Xukuru da Serra do Ororubá, louvamos e dançamos o Toré, nos vestimos com roupa da palha da espiga de milho,palha de côco e penas de aves e também nos pintamos como faziam nossos antepassados. Existe um índio a quem colocamos o nome de bacural e sempre que dançamos o Toré ele vai na frente tocando as maracas e cantando e nós o acompanhamos dançando o ritual. Em nossa aldeia existe local chamado terreiro do ritual onde nós fazemos nossas preces e apresentamos nossas danças, para mantermos nossos costumes e tradições.Segundo GRÜNEWALD (2005), o Toré Xukuru, ganhou novos significados a partir da liderança do Cacique “Xicão”, transcendendo a instância espiritual para também servir de instrumento de reafirmação étnica perante a sociedade civil, autoridades locais e governamentais e outros grupos indígenas. Como também em pró da conquista da demarcação de suas terras, passando a ser praticado em atos públicos, nos quais o Toré tem desempenhado uma função política, mantendo em evidência suas lideranças que ao final de cada apresentação, discursam e expõe para a sociedade suas conquistas, seu protesto e reivindicações.

Um comentário:

  1. A sensibilidade e a conecção com os Deuses, é um significado muito importante para um povo e essência para os nascem do mesmo, sua origem é compreendida através da cultura e costumes deve ser preservada e repassada para os descentes como valor de honra, a natureza conecta com os Deuses que tanto nos dão que são nossa essência nas estrelas somos "UM" no Universo Divino junto Mãe Terra.
    "O que o homem branco não compreende ele distroi"

    Welton Santos
    arq. geobiólogo

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