Translate

sábado, 29 de agosto de 2009

O toré


Toré representa uma obrigação espiritual, um encontro com os “encantados”, um folguedo e etc. Sabe-se que é algo cercado de segredos, mistérios e encantos que os próprios participantes desconhecem, mas se personifica como uma dança que tem a função de reunir todos esses significados. De acordo com alguns pesquisadores e historiadores, não é possível datar o surgimento dessa expressão cultural que é característica dos povos indígenas no Nordeste, Sabe-se que foi repassada de geração em geração, por meio da oralidade e apresenta-se em diferentes formatos, porém mantém alguns elementos comuns, que serão citados posteriormente. No estudo realizado por Arcanjo (2003), como também na pesquisa feita por Neves (2005), ambos afirmam que na década de 1940, os órgãos oficiais usaram como imposição a institucionalização do Toré, como condição para o reconhecimento étnico da população indígena do Nordeste. Com isso houve uma disseminação dessa expressividade entre os povos indígenas na Região, por meio do intercâmbio cultural. Algumas lideranças se deslocaram para outras comunidades com objetivo de trocar ensinamentos sobre o Toré. Essa prática contribuiu para fortalecer a organização social e política dos envolvidos nesse processo de afirmação da identidade étnica. Paralelo a esse movimento ocorreram as perseguições por parte de autoridades governamentais com o apoio da sociedade civil, às manifestações que aludisse a qualquer tipo de prática de magia. Como as expressões religiosas afro-brasileiras, o Toré também foi proibido as apresentações em público. Nos Xukuru com exceção das festividades populares e religiosas, como a Festa de Rei em Janeiro, o São João e a festa de N.Sra. das Montanhas na Vila de Cimbres, foram toleradas A desobediência colocaria os praticantes sobre pena de prisão. Vejamos o relato do Cacique “Xicão” a esse respeito: “Nós ocupamos a Mata Sagrada, lá em cima onde a gente fazia o Toré, que é a Pedra do Ororubá e antes os índios não faziam o ritual lá, claramente, eles faziam escondido, de madrugada, por que era proibido pela polícia alegando que aquilo era bruxaria, era catimbó, que aquilo não existia, forçando o índio a esquecer sua própria cultura, mas mesmo assim, escondido, a gente fazia nas caladas da madrugada”. (in ALMEIDA 1997)

Nenhum comentário:

Postar um comentário